Saturday, April 22, 2006

O João Lisboa, o Paulo Furtado, o rock e o fado

João Lisboa desancou nesta semana que passou, no seu Expresso, alguns dos álbuns nacionais recentes mais valorizados pela maioria da crítica: falo de "Masquerade", de Legendary Tiger Man; de "Cruisin' Alaska", de Weatherman; e de "Isto É O Quê, Mãe?", de Erro aka João Palma.

As razões que o jornalista aponta são as do costume: a música destes artistas segue os moldes dos formatos musicais anglo-saxónicos, do rock ao pop, passando por todo aquele território extenso que fica entre estes dois pólos. Diz ele (por outras palavras) que o blues do Tigerman, por exemplo, é um som formatadamente norte-americano, que não reflecte um som tipicamente tradicional português, como os Clã ou os Mão Morta.

Mas agora pergunto eu: porque raio têm todos os portugueses de procurar uma música que espelhe a tradição portuguesa? Será que têm todos de cantar fado, de cantar a saudade e a triste sina nacional? Ou têm todos de tentar revolucionar a música portuguesa? É que eu saiba, António Variações só houve um, e casos destes de sucesso aparecem muito pouco...

Se o Paulo Furtado gosta de blues e de rockabilly, porque raio haveria ele de tocar outra coisa? Sempre ouvi dizer que quem toca é por amor à música. E todos aqueles que se comprometem musicalmente aos gostos do público são automaticamente apelidados de "vendidos". Então porque não pode o Paulo Furtado tocar blues? Porque teve a infeliz sorte de nascer no lado errado do Atlântico? Estarão então todos os músicos nacionais dependentes do acaso?

"Ah e tal, mas ele canta em inglês e é português , yada yada yada". Se ele tocasse o blues dele em português, deixava de ser blues. É que o blues (ou o rock'n'roll), faz tanto sentido ser cantado em português como o fado em russo. Lembro-me de há uns tempos ter aparecido nas notícias uma japonesa que cantava fado. Claro que a maioria do povo português disse logo que aquilo não era fado, que era contra-natura e que ela, ao menos, devia cantar em japonês. Mas se ela cantasse fado em japonês, aquilo não era fado...

Por estas e por outra é que depois surgem normas de estado e leis tão geniais como a actual Lei da Rádio. Sejamos simples: quem quer ouve, quem não quer não ouve. E se o jornalista João Lisboa quer escrever um artigo sobre o novo disco do Tiger Man diga que não gosta porque não acrescenta nada ao blues; mas não venha dizer que é por ser um português a cantar em inglês.

Friday, April 21, 2006

Ali Farka Touré (parte II)

Já aqui tinha falado do Ali Farka Touré, o bluesman do deserto, aquando do seu desaparecimento (numa daquelas perdas que se sentem tanto como se fossem da família. E de certo modo até era). Por isso, deixo-vos aqui um link para um texto que me saiu melhor do que esperava (é sempre ingrato escrever sobre alguém tão grande quanto a vida) acerca do homem.

Monday, April 17, 2006

Anónimo

Se eu mudar o meu nome para Anónimo, será que posso reclamar o direito sobre tudo o que está identificado como anónimo e receber as respectivas comissões?

Thursday, April 13, 2006

O maior truque que o Diabo já fez foi convencer-nos de que não existia

D. era ateu, mas costumava desdenhar em Deus, apenas para poder venerar o Diabo. Era costume ouvi-lo clamar o quão monstruoso era este deus, que amarrou o próprio filho como um vitelo. Tremo só de pensar no que me faria, terminava.
O chamado fascínio de Belzebu...

Arde no inferno, cabrão

É fodido não conseguirmos evitar de simpatizar com uma pessoa que queríamos odiar.

Sunday, April 02, 2006

É assim a vida dos pobrezinhos...

É injusto que hoje toda a gente fale do aniversário da morte do Papa João Paulo II e que ninguém mencione este aniversário.