Wednesday, May 17, 2006

Queima das Fitas (I)

Assinar fitas é uma maçada. Jogam-nos uma mão cheia de pedaços de tecido azul para cima e dizem "agora escreve uma coisa bonita". E pronto, ficamos logo cheios de pressão em cima. Sentamonos, respiramos fundo e tentamos vezes sem conta condensar num par de parágrafos algumas palavras sérias sobre a nossa vida em comum de estudante. Como se fosse possível resumir cinco anos de vida num parágrafo. Que chatice, hein! Uma vez que a eloquência da mão teima em não acompanhar a vontade da mente, decidimos então mudar de táctica e tentar escrever algo espirituoso. Mas como a linha que separa o espirituoso do ridículo é ténue, rapidamente nos espalhamos ao comprido. E como diz o povo, mais vale cair em graça do que ser engraçado; não há nada como a sabedoria popular. Voltamos então ao início, à folha (à fita, salvo seja) em branco. Que chatice! Esta cangalhada das tradições académicas é uma chatice. Primeiro temos que comprar o traje, que custa para cima de um dinheirão, para podermos judiar os meninos de primeiro ano. E depois, no quinto ano, temos que comprar uma capa, uma fita para o bispo, uma fita para o padrinho, as fitas do curso, a fita da universidade... Comprar, comprar, comprar! Raios partam o consumismo! E a pessoa que inventou as tradições académicas. Realmente, as pessoas são uma maçada, sempre com aquela mania incomodativa de pensar. Como se não bastasse estarem sempre a respirar. Que chatice, pá! Vou mas é ver um filme.